Enquadrado nas celebrações do cinquentenário do Santuário de Cristo-Rei (de Almada), e sob o título “Reinventar a Solidariedade (em tempo de crise)”, o simpósio terá lugar no dia 15 de Maio, no Centro de Congressos de Lisboa.
Mais do que encontrar formas de ultrapassar a actual crise, pretende-se debater premissas, ideias e iniciativas que possam contribuir para um modelo de desenvolvimento mais humano e solidário. Pretende-se não só inspirar e mobilizar para a acção a sociedade portuguesa, como reconhecer as centenas de gestos e iniciativas que, quotidianamente, são expressão de solidariedade, dentro e fora da Igreja.
Num contexto de incerteza e de profundas transformações económicas, sociais e políticas a nossa consciência não pode deixar de estar alerta. O desafio, para o qual se convocam todos os cidadãos, é o de se encontrarem novos modos e expressões para a solidariedade, ou seja, para que cada um de nós, individual e colectivamente, seja capaz de reinventar a solidariedade. Solidariedade entendida como expressão de Amor pelo próximo, mas também por todas as formas de vida e pelas futuras gerações.
A presente crise mundial, sendo financeira, económica e social, é também política, civilizacional, ambiental, moral e espiritual. É, portanto, fundamental que todas essas dimensões se conjuguem na análise e na busca de soluções.
Urge encontrar outro tipo de economia, compatível e solidário com a Vida. Uma economia solidária não no sentido estritamente social, mas no sentido sistémico, ou seja, solidária com as pessoas, com a natureza, com a cultura e o conhecimento. E, quando a interdependência é reconhecida, a resposta correlativa, como atitude moral e social e como “virtude”, é a solidariedade.
Solidariedade não entendida como um vago sentimento de compaixão ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas. Pelo contrário, como determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um.
Nas últimas décadas, temos vivido uma ilusão civilizacional desequilibrada e insustentável. Pois, que a actual crise seja uma oportunidade para a revolução da solidariedade, para um novo modelo de desenvolvimento.
Seja o que for o futuro, ele terá de ser capaz de vencer o desafio de reinventar a solidariedade. Terão de emergir sentidos inovadores de responsabilidade colectiva – que, desde logo, comecem em cada um de nós e na pequena escala.
Parte da solução para o que vivemos passa pelo reacender de um certo sentido de comunitarismo, por mobilizar todos para formas de participação nos lugares. Nunca haverá uma cidadania nacional, europeia ou mundial enquanto cada um de nós não se envolver no seu prédio, na sua rua, no seu bairro, na sua paróquia, na sua escola. É essa nossa desvinculação que explica, em parte, o défice de cidadania que vivemos.
Mas, acima de tudo, urge reinventar a solidariedade pois é na relação com o Outro que o Homem se cumpre e se realiza. Pois dela resulta a paz – e um sentido mais pleno da História e da Humanidade!
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