quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Jovens lançam site de oração pelo Conclave




Projeto convida a rezar por um cardeal presente no conclave 


"Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice." Papa Bento XVI 

Inspirados pelas palavras do Santo Padre Bento XVI, cinco jovens brasileiros lançaram no passado domingo, dia 24 de fevereiro, o site www.1conclave.com

A iniciativa com o nome Unidos ao Conclave e direcionada aos jovens do mundo todo, convida os jovens a oferecer missas, orações, vias sacras, adorações, jejuns, etc. Assim, a iniciativa reforça a importância da oração, especialmente durante o período quaresmal, tempo propício à oração e à penitência a fim de intercedermos pelos cardeais e pelo bem da Igreja. 

Como funciona? 

Ao entrar no site, cada um de nós poderá registar e atualizar as suas orações na intenção de um cardeal eleitor, escolhido aleatoriamente. No final, todas as orações oferecidas serão entregues aos cardeais antes da eleição do novo Sumo Pontífice. 

Desta forma, a meta é levar muitas pessoas à prática da oração e demonstrar publicamente o carinho dos jovens pelos cardeais. Além disso, é também objetivo da iniciativa destacar a jovialidade da Igreja no ano em que se celebra a 27.ª JMJ no Rio de Janeiro. 

O site www.1conclave.com está disponível em português, espanhol e inglês.


Fonte: Site Cristo Jovem

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Comunicado do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa a propósito da renúncia do Papa Bento XVI




Com surpresa recebemos a notícia da decisão do Papa Bento XVI de renunciar ao ministério que recebeu como Bispo de Roma, sucessor de Pedro e pastor da Igreja universal. Mas esta surpresa depressa se tornou em admiração agradecida pela sua corajosa lucidez em reconhecer as limitações de saúde e forças para exercer adequadamente o ministério ao serviço da Igreja e para bem de toda a humanidade. Com este gesto, o Papa, «servo dos servos de Deus», nos ensina que todo o poder na Igreja é serviço. 

Queremos agradecer a Deus o precioso dom do pontificado de Bento XVI, que nos revelou uma fé forte e constante; o zelo apostólico de quem se fez tudo para todos, não excluindo ninguém independentemente da sua ideologia ou religião; o estilo pessoal de grande simplicidade com que nos comunicou acessivelmente o seu pensamento culto e profundo; a coragem heroica com que afrontou os problemas que surgiram e defendeu a paz, a justiça e os mais pobres. 

Estando a poucos dias da renúncia de Bento XVI, queremos exprimir o nosso profundo afeto e gratidão e unimo-nos à sua futura missão que assim resumiu: «quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a santa Igreja de Deus». O seu exemplo de orante é para nós um incentivo a considerarmos a oração como parte integrante da missão da Igreja. 

Pedimos a oração dos católicos e de todos os crentes para que os Cardeais, inspirados pela conclusão do Concílio de Jerusalém – «O Espírito Santo e nós assim decidimos» –, saibam discernir e escolher o candidato mais apto para assumir a missão de sucessor do apóstolo Pedro. 

Fátima, 18 de fevereiro de 2013

Fonte: Agência Ecclesia

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Liturgia do II Domingo da Quaresma, 24.02.2013




II DOMINGO DA QUARESMA - ANO C
24 de fevereiro de 2013


As leituras deste domingo convidam-nos a reflectir sobre a nossa “transfiguração”, a nossa conversão à vida nova de Deus; nesse sentido, são-nos apresentadas algumas pistas.

A primeira leitura apresenta-nos Abraão, o modelo do crente. Com Abraão, somos convidados a “acreditar”, isto é, a uma atitude de confiança total, de aceitação radical, de entrega plena aos desígnios desse Deus que não falha e é sempre fiel às promessas.

A segunda leitura convida-nos a renunciar a essa atitude de orgulho, de auto-suficiência e de triunfalismo, resultantes do cumprimento de ritos externos; a nossa transfiguração resulta de uma verdadeira conversão do coração, construída dia a dia sob o signo da cruz, isto é, do amor e da entrega da vida.

O Evangelho apresenta-nos Jesus, o Filho amado do Pai, cujo êxodo (a morte na cruz) concretiza a nossa libertação. O projecto libertador de Deus em Jesus não se realiza através de esquemas de poder e de triunfo, mas através da entrega da vida e do amor que se dá até à morte. É esse o caminho que nos conduz, a nós também, à transfiguração em Homens Novos.







Para ver as Leituras do II Domingo da Quaresma, clique AQUI.

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Para ver uma Reflexão sobre o Evangelho do II Domingo da Quaresma, clique AQUI.


Fontes: 
A Caminho 
Beneditinos 
Dehonianos 
SDPL Viseu

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Liturgia do I Domingo da Quaresma, 17.02.2013






I DOMINGO DA QUARESMA - ANO C
17 de fevereiro de 2013


No início da Quaresma, a Palavra de Deus apela a repensar as nossas opções de vida e a tomar consciência dessas “tentações” que nos impedem de renascer para a vida nova, para a vida de Deus.

A primeira leitura convida-nos a eliminar os falsos deuses em quem às vezes apostamos tudo e a fazer de Deus a nossa referência fundamental. Alerta-nos, na mesma lógica, contra a tentação do orgulho e da auto-suficiência, que nos levam a caminhos de egoísmo e de desumanidade, de desgraça e de morte.

O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre as opções de Jesus. Lucas sugere que Jesus recusou radicalmente um caminho de materialismo, de poder, de êxito fácil, pois o plano de Deus não passava pelo egoísmo, mas pela partilha; não passava pelo autoritarismo, mas pelo serviço; não passava por manifestações espectaculares que impressionam as massas, mas por uma proposta de vida plena, apresentada com simplicidade e amor. É claro que é esse caminho que é sugerido aos que seguem Jesus.

A segunda leitura convida-nos a prescindir de uma atitude arrogante e auto-suficiente em relação à salvação que Deus nos oferece: a salvação não é uma conquista nossa, mas um dom gratuito de Deus. É preciso, pois, “converter-se” a Jesus, isto é, reconhecê-l’O como o “Senhor” e acolher no coração a salvação que, em Jesus, Deus nos propõe.


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Fontes: 
A Caminho 
Beneditinos 
Dehonianos 
SDPL Viseu

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Mensagem de D. Antonino Dias, Bispo de Portalegre e Castelo Branco, para a Quaresma 2013




VIVER A QUARESMA EM ANO DA FÉ E EM CAMINHADA SINODAL


O Santo Padre, neste Ano da Fé e baseando-se na primeira Carta de S. João (4, 16), intitulou a sua mensagem para a Quaresma com o mote: “Crer na caridade suscita a caridade”.
Sendo um dom gratuito de Deus, a fé é um ato livre, pessoal e autenticamente humano, em que a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina. Esta fé não nos engana porque se funda na própria Palavra de Deus. Faz com que a pessoa compreenda melhor Aquele em Quem acreditou e conheça mais e melhor a grandeza e a majestade de Deus. Pela fé, cada crente vive em contínua ação de graças e conhece, de forma diferente, a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens. É pela fé, fé que não vai contra a razão nem se impõe pela força, que o homem toma consciência da sua dignidade, valoriza a sua própria vida como Dom de Deus para si e como dom de si para os outros, aprende a ter confiança em Deus em todas as circunstâncias e a fazer bom uso das coisas criadas que sabe respeitar, agradecer, promover, multiplicar e partilhar. Sendo um ato “soberanamente pessoal”, a fé é, ao mesmo tempo, um ato “plenamente eclesial”. Conforme refere o Catecismo da Igreja Católica que estou a seguir de perto, “ninguém se deu a fé a si mesmo, como ninguém a si mesmo se deu a vida. Foi de outrem que o crente recebeu a fé; a outrem a deve transmitir. O nosso amor a Jesus e aos homens impele-nos a falar aos outros da nossa fé. Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem ser amparado pela fé dos outos, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé” (CIC 166). Necessária para a salvação, a fé, verdadeiramente vivida e celebrada, faz com que possamos saborear já, neste mundo, a alegria e a luz da visão beatífica, vivendo no tempo a vida que existe em Deus: a Caridade, o Amor (cf. CIC 135 …). Ao mesmo tempo que nos revela o rosto de Deus que entregou o seu Filho por nós, a fé, afirma Bento XVI, “gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor!”. O cristão, conquistado e movido por este amor, consciente de ser amado, perdoado e servido pelo Senhor que lavou os pés dos apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus, o cristão, porque discípulo de Cristo, está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo. “Assim como Eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros. Se tiverdes amor uns para com os outros, todos reconhecerão que sois meus discípulos” (Jo 13, 34-35).


RELAÇÃO ENTRE FÉ E CARIDADE

Celebrar a Quaresma no contexto do Ano da Fé leva-nos a refletir, pois, sobre a relação entre “o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros”. Há um entrelaçamento indissolúvel entre fé e caridade, como escreve o Santo Padre. “A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tim 2, 4); a caridade é “caminhar” na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gal 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30)”. E fá-los frutificar na vida pessoal e familiar, no trabalho e na profissão, na vida política e económica, na vida cultural, social e comunitária.


EVANGELIZAR: A MELHOR OBRA DE CARIDADE

Por vezes, diz-nos Bento XVI na sua Mensagem, “por vezes, tende-se a circunscrever a palavra “caridade” à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, “o serviço da Palavra”. Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa para com o próximo, do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu Paulo VI na Encíclica Populorum Progressio, “o anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento”. E isto acontece na e pela comunidade, espaço rico e diversificado pela inclusão etária, cultural e social. É na comunidade cristã que a fé se faz amor, convocando, propondo, agindo e seduzindo. Só a fé traduzida em amor pode ser proposta evangelizadora e transmissora do reino que acontece. Só a amor motivado pela fé, leva à conversão e à dinâmica sacramental na vida, deitando mão de muitos meios sem esquecer os tradicionais, sempre recomendados e atuais: a oração, o jejum, a partilha. Empenhar-nos mais e melhor na caminhada sinodal é também um gesto de amor: é a evangelização que está em causa, é a evangelização que nos move com esperança.


DESAFIOS

Vivamos a Quaresma em familiaridade com a Palavra de Deus que aumenta em nós a fé. Sintamos a alegria de A anunciar para que outros se abram mais decididamente ao dom precioso da fé. Descubramos cada vez mais o valor e a importância da comunidade cristã que, movida pelo Espírito Santo, é o agente principal e principal responsável pelo empenhamento dos fiéis na dinâmica da fé e do amor fraterno. E porque a fé sem obras está morta, partilhemos a nossa vida com generosidade atenta e alegria contagiante, sentindo-nos próximos e irmãos de todos, com discrição e amizade. Partilhemos também do pouco que temos com aqueles que ainda têm menos, de modo que todos se possam sentir amados e possam alimentar a esperança de que melhores dias hão de vir e, sobretudo, possam reconhecer em nós as razões daquela Esperança que não engana. A fé que atua pela caridade renova-nos e renova a sociedade à luz do mistério de Cristo morto e ressuscitado por todos.
Atendendo à difícil situação económica que continuamos a viver, a renúncia quaresmal deste ano voltará a ser para o Fundo Social Diocesano, verba que será gerida pela Cáritas Diocesana, retirando cinco mil euros para o Centro nutricional do Liupo, Moçambique, o valor indicado para um projeto que a Congregação do Verbo Divino, presente na nossa Diocese, tem sob o lema: Campanha “Mãos Unidas” 2013.


Antonino Dias
Bispo de Portalegre-Castelo Branco

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quarta-feira de Cinzas





A liturgia da Quarta-Feira de Cinzas recorda-nos a nossa condição de mortais: "Memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris - Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó hás de voltar"


Neste início de Quaresma, procuremos, mais ainda do que a mortificação corporal, aceitar o convite que a Liturgia sabiamente nos faz, combatendo o amor próprio com todas as nossas forças. "Procurai o mérito, procurai a causa, procurai a justiça; e vede se encontrais outra coisa que não seja a graça de Deus". (Sto. Agostinho)

Ao receber daqui a pouco as cinzas sobre a cabeça, ouviremos mais uma vez um claro convite à conversão que pode expressar-se numa fórmula dupla: "Convertei-vos e acreditai no evangelho", ou: "Recorda-te que és pó e em pó te hás-de tornar".

Precisamente devido à riqueza dos símbolos e dos textos bíblicos, a Quarta-Feira de Cinzas é considerada a "porta" da Quaresma. De fato, a hodierna liturgia e os gestos que a distinguem formam um conjunto que antecipa de modo sintético a própria fisionomia de todo o período quaresmal. Na sua tradição, a Igreja não se limita a oferecer-nos a temática litúrgica e espiritual do itinerário quaresmal, mas indica-nos também os instrumentos ascéticos e práticos para o percorrer frutuosamente.

"Convertei-vos a mim de todo o vosso coração com jejuns, com lágrimas, com gemidos". (Joel 2,12). Os sofrimentos, as calamidades que afligiam naquele tempo a terra de Judá estimulam o autor sagrado a encorajar o povo eleito à conversão, isto é, a voltar com confiança filial ao Senhor dilacerando o seu coração e não as vestes. De fato, recorda o profeta, ele "é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia e se compadece da desgraça" (2, 13). O convite que Joel dirige aos seus ouvintes também é válido para nós.

Não hesitemos em reencontrar a amizade de Deus perdida com o pecado; encontrando o Senhor experimentamos a alegria do seu perdão. E assim, quase respondendo às palavras do profeta, fizemos nossa a invocação do refrão do Salmo 50: "Perdoai-nos Senhor, porque pecamos". Proclamando, o grande Salmo penitencial, apelamo-nos à misericórdia divina; pedimos ao Senhor que o poder do seu amor nos volte a dar a alegria de sermos salvos.

Com este espírito, iniciamos o tempo favorável da Quaresma, como nos recordou São Paulo: "Aquele que não havia conhecido o pecado, diz ele, Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus" (2 Cor 5, 21), para nos deixarmos reconciliar com Deus em Cristo Jesus. O Apóstolo apresenta-se como embaixador de Cristo e mostra claramente como precisamente através d'Ele, seja oferecida ao pecador, isto é a cada um de nós, a possibilidade de uma reconciliação autêntica.

Só Cristo pode transformar qualquer situação de pecado em novidade de graça. Eis por que assume um forte impacto espiritual a exortação que Paulo dirige aos cristãos de Corinto: "Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus"; e ainda: "Este é o tempo favorável, é este o dia da salvação" (5, 20; 6, 2). Enquanto Joel falava do futuro dia do Senhor como de um dia de terrível juízo, São Paulo, referindo-se às palavras do profeta Isaías, fala de "momento favorável", de "dia da salvação". O futuro dia do Senhor tornou-se o "hoje". O dia terrível transformou-se na Cruz e na Ressurreição de Cristo, no dia da salvação. E este dia é agora, como nos diz o Canto ao Evangelho: "Hoje não endureçais os vossos corações, mas ouvi a voz do Senhor". O apelo à conversão, à penitência ressoa hoje com toda a sua força, para que o seu eco nos acompanhe em cada momento da vida.

A liturgia da Quarta-Feira de Cinzas indica assim na conversão do coração a Deus a dimensão fundamental do tempo quaresmal. Esta é a chamada muito sugestiva que nos vem do tradicional rito da imposição das cinzas, que daqui a pouco renovaremos. Rito que assume um dúplice significado: o primeiro relativo à mudança interior, à conversão e à penitência, enquanto o segundo recorda a precariedade da condição humana, como é fácil compreender das duas fórmulas diversas que acompanham o gesto.

Amados irmãos e irmãs, temos quarenta dias para aprofundar esta extraordinária experiência ascética e espiritual. No Evangelho (cf. Mt 6, 1-6.16-18), Jesus indica quais são os instrumentos úteis para realizar a autêntica renovação interior e comunitária: as obras de caridade (a esmola), a oração e a penitência (o jejum). São as três práticas fundamentais queridas também à tradição hebraica, porque contribuem para purificar o homem aos olhos de Deus.

Estes gestos exteriores, que devem ser realizados para agradar a Deus e não para obter a aprovação e o consenso dos homens, são por Ele aceites se expressam a determinação do coração a servi-l'O, com simplicidade e generosidade. Recorda-nos isto também um dos Prefácios quaresmais onde, em relação ao jejum, lemos esta singular expressão: "ieiunio... mentem elevas: com o jejum elevas o espírito" (Prefácio IV).

O jejum, ao qual a Igreja nos convida neste tempo forte, certamente não nasce de motivações de ordem física ou estética, mas brota da exigência que o homem tem de uma purificação interior que o desintoxique da poluição do pecado e do mal; que o eduque para aquelas renúncias saudáveis que libertam o crente da escravidão do próprio eu; que o torne mais atento e disponível à escuta de Deus e ao serviço dos irmãos. Por esta razão o jejum e as outras práticas quaresmais são consideradas pela tradição cristã "armas" espirituais para combater o mal, as paixões negativas e os vícios.

A este propósito, apraz-me ouvir de novo convosco um breve comentário de São João Crisóstomo. "Como no findar do Inverno escreve ele volta a estação do Verão e o navegante arrasta para o mar a nave, o soldado limpa as armas e treina o cavalo para a luta, o agricultor lima a foice, o viandante revigorado prepara-se para a longa viagem e o atleta depõe as vestes e prepara-se para as competições; assim também nós, no início deste jejum, quase no regresso de uma Primavera espiritual forjamos as armas como os soldados, limamos a foice como os agricultores, e como timoneiros reorganizamos a nave do nosso espírito para enfrentar as ondas das paixões. Como viandantes retomamos a viagem rumo ao céu e como atletas preparamo-nos para a luta com o despojamento de tudo" (Homilias ao povo antioqueno, 3).

Na mensagem para a Quaresma, convidei a viver estes quarenta dias de especial graça como um tempo "eucarístico". Haurindo daquela fonte inexaurível de amor que é a Eucaristia, na qual Cristo renova o sacrifício redentor da Cruz, cada cristão pode perseverar no itinerário que hoje empreendemos solenemente. As obras de caridade (a esmola), a oração, o jejum juntamente com qualquer outro esforço sincero de conversão encontram o seu significado mais alto e valor na Eucaristia, centro e ápice da vida da Igreja e da história da salvação. "Este sacramento que recebemos, ó Pai assim rezamos no final da Santa Missa nos ampare no caminho quaresmal, santifique o nosso jejum e o torne eficaz para a cura do nosso espírito".

Pedimos a Maria que nos acompanhe para que, no final da Quaresma, possamos contemplar o Senhor ressuscitado, interiormente renovados e reconciliados com Deus e com os irmãos. Amém!



Fonte: Arautos do Evangelho

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Mensagem do Papa Bento XVI para o XXI Dia Mundial do Doente




Mensagem do Papa Bento XVI para o XXI Dia Mundial do Doente

«Vai e faz tu também o mesmo» (Lc 10, 37)

 11 DE FEVEREIRO DE 2013


Amados irmãos e irmãs!
1. No dia 11 de Fevereiro de 2013, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, celebrar-se-á de forma solene, no Santuário mariano de Altötting, o XXI Dia Mundial do Doente.

Este dia constitui, para os doentes, os operadores sanitários, os fiéis cristãos e todas as pessoas de boa vontade, «um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de apelo dirigido a todos para reconhecerem na face do irmão enfermo a Santa Face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, operou a salvação da humanidade» (João Paulo II,Carta de instituição do Dia Mundial do Doente, 13 de Maio de 1992, 3). Nesta circunstância, sinto-me particularmente unido a cada um de vós, amados doentes, que, nos locais de assistência e tratamento ou mesmo em casa, viveis um tempo difícil de provação por causa da doença e do sofrimento. Que cheguem a todos estas palavras tranquilizadoras dos Padres do Concílio Ecuménico Vaticano II: «Sabei que não estais (…) abandonados, nem sois inúteis: vós sois chamados por Cristo, a sua imagem viva e transparente» (Mensagem aos pobres, aos doentes e a todos os que sofrem).

2. Para vos acompanhar na peregrinação espiritual que nos leva de Lourdes, lugar e símbolo de esperança e de graça, ao Santuário de Altötting, desejo propor à vossa reflexão a figura emblemática do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). A parábola evangélica narrada por São Lucas faz parte duma série de imagens e narrações tomadas da vida diária, pelas quais Jesus quer fazer compreender o amor profundo de Deus por cada ser humano, especialmente quando se encontra na doença e no sofrimento. Ao mesmo tempo, porém, com as palavras finais da parábola do Bom Samaritano – «Vai e faz tu também o mesmo» (Lc 10, 37) –, o Senhor indica qual é a atitude que cada um dos seus discípulos deve ter para com os outros, particularmente se necessitados de cuidados. Trata-se, por conseguinte, de auferir do amor infinito de Deus, através de um intenso relacionamento com Ele na oração, a força para viver diariamente uma solicitude concreta, como o Bom Samaritano, por quem está ferido no corpo e no espírito, por quem pede ajuda, ainda que desconhecido e sem recursos. Isto vale não só para os agentes pastorais e sanitários, mas para todos, incluindo o próprio enfermo, que pode viver a sua condição numa perspectiva de fé: «Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, de encontrar o seu sentido através da união com Cristo, que sofreu com infinito amor» (Enc. Spe salvi, 37).

3. Diversos Padres da Igreja viram, na figura do Bom Samaritano, o próprio Jesus e, no homem que caiu nas mãos dos salteadores, Adão, a humanidade extraviada e ferida pelo seu pecado (cf. Orígenes, Homilia sobre o Evangelho de Lucas XXXIV, 1-9; Ambrósio, Comentário ao Evangelho de São Lucas, 71-84; Agostinho, Sermão 171). Jesus é o Filho de Deus, Aquele que torna presente o amor do Pai: amor fiel, eterno, sem barreiras nem fronteiras; mas é também Aquele que «Se despoja» da sua «veste divina», que baixa da sua «condição» divina para assumir forma humana (cf. Flp 2, 6-8) e aproximar-Se do sofrimento do homem até ao ponto de descer à mansão dos mortos, como dizemos no Credo, levando esperança e luz. Ele não Se vale da sua igualdade com Deus, do seu ser Deus (cf. Flp 2, 6), mas inclina-Se, cheio de misericórdia, sobre o abismo do sofrimento humano, para nele derramar o óleo da consolação e o vinho da esperança.

4. O Ano da fé, que estamos a viver, constitui uma ocasião propícia para se intensificar o serviço da caridade nas nossas comunidades eclesiais, de modo que cada um seja bom samaritano para o outro, para quem vive ao nosso lado. A propósito, desejo recordar algumas figuras, dentre as inúmeras na história da Igreja, que ajudaram as pessoas doentes a valorizar o sofrimento no plano humano e espiritual, para que sirvam de exemplo e estímulo. Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, «perita da scientia amoris» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 42), soube viver «em profunda união com a Paixão de Jesus» a doença que a levou «à morte através de grandes sofrimentos» (Audiência Geral, 6 de Abril de 2011). O Venerável Luís Novarese, de quem muitos conservam ainda hoje viva a memória, no exercício do seu ministério sentiu de modo particular a importância da oração pelos e com os doentes e atribulados, que acompanhava frequentemente aos santuários marianos, especialmente à gruta de Lourdes. Movido pela caridade para com o próximo, Raul Follereau dedicou a sua vida ao cuidado das pessoas leprosas mesmo nos cantos mais remotos da terra, promovendo entre outras coisas o Dia Mundial contra a Lepra. A Beata Teresa de Calcutá começava sempre o seu dia encontrando Jesus na Eucaristia e depois saía pelas estradas com o rosário na mão para encontrar e servir o Senhor presente nos enfermos, especialmente naqueles que não são «queridos, nem amados, nem assistidos». Santa Ana Schäffer, de Mindelstetten, soube, também ela, unir de modo exemplar os seus sofrimentos aos de Cristo: «o seu quarto de enferma transformou-se numa cela conventual, e o seu sofrimento em serviço missionário. (...) Fortalecida pela comunhão diária, tornou-se uma intercessora incansável através da oração e um espelho do amor de Deus para as numerosas pessoas que procuravam conselho» (Homilia de canonização, 21 de Outubro de 2012). No Evangelho, sobressai a figura da Bem-aventurada Virgem Maria, que segue o sofrimento do Filho até ao sacrifício supremo no Gólgota. Ela não perde jamais a esperança na vitória de Deus sobre o mal, o sofrimento e a morte, e sabe acolher, com o mesmo abraço de fé e de amor, o Filho de Deus nascido na gruta de Belém e morto na cruz. A sua confiança firme no poder de Deus é iluminada pela Ressurreição de Cristo, que dá esperança a quem se encontra no sofrimento e renova a certeza da proximidade e consolação do Senhor.

5. Por fim, quero dirigir um pensamento de viva gratidão e de encorajamento às instituições sanitárias católicas e à própria sociedade civil, às dioceses, às comunidades cristãs, às famílias religiosas comprometidas na pastoral sanitária, às associações dos operadores sanitários e do voluntariado. Possa crescer em todos a consciência de que, «ao aceitar amorosa e generosamente toda a vida humana, sobretudo se frágil e doente, a Igreja vive hoje um momento fundamental da sua missão» (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Christifideles laici, 38).

Confio este XXI Dia Mundial do Doente à intercessão da Santíssima Virgem Maria das Graças venerada em Altötting, para que acompanhe sempre a humanidade que sofre, à procura de alívio e de esperança firme, e ajude todos quantos estão envolvidos no apostolado da misericórdia a tornar-se bons samaritanos para os seus irmãos e irmãs provados pela enfermidade e o sofrimento, enquanto de bom grado concedo a Bênção Apostólica.

Vaticano, 2 de Janeiro de 2013.



BENEDICTUS PP XVI

Oração para o Dia Mundial do Doente



Ó boa e terna Mãe,
cuja alma foi trespassada por uma espada de dor,
olhai para nós enquanto, em nossa doença,
 e ao vosso lado no Calvário onde Jesus está suspenso na cruz,
reconhecemos as nossas culpas.

Agraciados com a graça do sofrimento
 e esperançosos de completar em nossa própria carne (espírito),
aquilo que falta em nossa participação na paixão de Cristo,
a favor do seu Corpo Místico, a Igreja,
nos consagramos a vós, bem como nossas dores.
 E vos rogamos que as coloqueis sobre o altar da Cruz,
 onde Cristo está pregado.
Que elas possam ser pequenas vítimas de expiação
pela nossa salvação e pela salvação de todas as pessoas.

Ó Mãe das dores, aceitai esta consagração.
Fortalecei os nossos esperançosos corações,
para que, como participantes dos sofrimentos de Cristo,
possamos participar na sua consolação agora e para sempre.
Amém.


                                                                                                                         Papa Pio XII

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Liturgia do V Domingo do Tempo Comum, 10.02.2013





V DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C
10 de fevereiro de 2013


A liturgia deste domingo leva-nos a reflectir sobre a nossa vocação: somos todos chamados por Deus e d’Ele recebemos uma missão para o mundo.

Na primeira leitura, encontramos a descrição plástica do chamamento de um profeta – Isaías. De uma forma simples e questionadora, apresenta-se o modelo de um homem que é sensível aos apelos de Deus e que tem a coragem de aceitar ser enviado.

No Evangelho, Lucas apresenta um grupo de discípulos que partilharam a barca com Jesus, que acolheram as propostas de Jesus, que souberam reconhecê-l’O como seu “Senhor”, que aceitaram o convite para ser “pescadores de homens” e que deixaram tudo para seguir Jesus… Neste quadro, reconhecemos o caminho que os cristãos são chamados a percorrer.

A segunda leitura propõe-nos reflectir sobre a ressurreição: trata-se de uma realidade que deve dar forma à vida do discípulo e levá-lo a enfrentar sem medo as forças da injustiça e da morte. Com a sua acção libertadora – que continua a acção de Jesus e que renova os homens e o mundo – o discípulo sabe que está a dar testemunho da ressurreição de Cristo.






Para ver as Leituras do V Domingo do Tempo Comum, clique AQUI.

Para ver o Evangelho do V Domingo do Tempo Comum, clique AQUI.

Para ver uma Reflexão sobre o Evangelho do V Domingo do Tempo Comum, clique AQUI.


Fontes: 
A Caminho 
Beneditinos 
Dehonianos 
SDPL Viseu

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Liturgia do IV Domingo do Tempo Comum, 03.02.2013





IV DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C
03 de fevereiro de 2013


O tema da liturgia deste domingo convida a reflectir sobre o “caminho do profeta”: caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas também caminho de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está. A liturgia de hoje assegura ao “profeta” que a última palavra será sempre de Deus: “não temas, porque Eu estou contigo para te salvar”.

A primeira leitura apresenta a figura do profeta Jeremias. Escolhido, consagrado e constituído profeta por Jahwéh, Jeremias vai arrostar com todo o tipo de dificuldades; mas não desistirá de concretizar a sua missão e de tornar uma realidade viva no meio dos homens a Palavra de Deus.

O Evangelho apresenta-nos o profeta Jesus, desprezado pelos habitantes de Nazaré (eles esperavam um Messias espectacular e não entenderam a proposta profética de Jesus). O episódio anuncia a rejeição de Jesus pelos judeus e o anúncio da Boa Nova a todos os que estiverem dispostos a acolhê-la – sejam pagãos ou judeus.

A segunda leitura parece um tanto desenquadrada desta temática: fala do amor – o amor desinteressado e gratuito – apresentando-o como a essência da vida cristã. Pode, no entanto, ser entendido como um aviso ao “profeta” no sentido de se deixar guiar pelo amor e nunca pelo próprio interesse… Só assim a sua missão fará sentido.

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Fontes: 
A Caminho 
Beneditinos 
Dehonianos 
SDPL Viseu