Domingo de Ramos da Paixão do Senhor - Ano B
5 de Abril de 2009
A liturgia deste último Domingo da Quaresma convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus) apresentanos a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.
A primeira leitura apresenta-nos um profeta anónimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projectos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.
O Evangelho convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus - esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom total.
Clique na imagem para ver uma reflexão sobre o Evangelho de Domingo de Ramos
Acontece-nos com o clube do coração, com um projecto pessoal. Acontece-nos de forma isolada ou em colectivo.
Jerusalém no I séc. da nossa era viveu também um momento de grande expectativa, esperavam um libertador do poder opressivo dos romanos, o Messias, e quando Jesus chega à cidade é aclamado, saudado como um verdadeiro rei pela população: “«Hossana! Bendito O que vem em
nome do Senhor! Bendito o reino que vem, o reino do nosso pai David! Hossana nas alturas!»”(Evangelho da Procissão).
A população procurava a glória imediata, a euforia momentânea, mas nada se concretizou.
Poucos dias depois, a mesma população aclamava “crucifica-o, crucifica-o” e Jesus morria na Cruz com um último brado [“Então Jesus, soltando um grande brado, expirou” (Evangelho)].
Pelo meio destes dois acontecimentos ficou tudo aquilo que somos convidados a meditar com a leitura do Evangelho de Marcos deste Domingo: somos chamados a revisitar as expressões e os gestos de um Cristo que pela Ressurreição nos salva.
Pela memória que fazemos da aclamação na entrada em Jerusalém, do serviço no lavar dos pés, da fracção do pão, da morte e da ressurreição, somos chamados a reconhecer que, mesmo que tudo pareça acabado, há sempre este gesto de Amor da Cruz que, estando distante da idílica aclamação dos Ramos, é na verdade a fonte e o sentido da nossa vida.
S. Paulo refere-nos que Jesus Cristo “aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou” (segunda leitura).
Se olharmos para os acontecimentos de Jerusalém, vemos um Homem que não procurou a glória humana de uma multidão que o aclamava mas sim a exaltação por parte d’Aquele que
realmente deve contar nas nossas vidas: Deus!
Enquanto Cristãos somos chamados a viver a memória destes acontecimentos dando-lhes espaço físico e temporal nas nossas vidas, para que na oração e meditação destes mistérios sejamos capazes de realizar cada vez mais gestos concretos de amor.
Que, ao assumir cada novo projecto,
sejamos capazes de repetir a frase de Isaías: “tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido” (primeira leitura).
Não como um sinal de indiferença mas de não querer olhar para trás e avançar.
A Caminho
Farol de Luz
Agência Ecclesia
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