quarta-feira, 11 de março de 2009

O pecado da gula







A virtude oposta à gula é a temperança




Gula é comer além do que é necessário para se alimentar. Para alguns, o prazer de comer passou a ser um fim em si mesmo; esse é o erro. E frustram-se quando a refeição não é “suculenta e variada”.

Escrevendo aos Filipenses, São Paulo refere-se àqueles cujo “deus é o ventre” (cf. Fil. 3,19), isto é, o alimento. Se a Igreja nos aponta a gula como um pecado capital é porque ela gera outros males: preguiça, comodismo, paixões, doenças, etc... Podemos comer e beber com moderação e gosto, mas não podemos fazer da comida um meio só de prazer; isso desvirtua a alimentação.

Um corpo “pesado” debilita o espírito. Santo Agostinho dizia que temia não a impureza da comida, mas a do apetite. Ele escreve uma página sábia sobre isso: “Vós me ensinastes a ingerir os alimentos como se tratasse de remédios”. Santa Catarina de Sena dizia que o “estômago cheio prejudica a mente”. E Santo Ambrósio afirmava que: “Aquele que submete o seu próprio corpo e governa sua alma, sem se deixar submergir pelas paixões, é seu próprio senhor: pode ser chamado rei, porque é capaz de reger a sua própria pessoa”.

A virtude oposta à gula é a temperança: evitar todos os excessos no comer e no beber. Para destruir as raízes da gula é preciso submeter o corpo à mortificação. E esta haverá de ser sob a acção do Espírito Santo, nosso Santificador. São Paulo ensinou aos Gálatas e aos Romanos que somente o Espírito pode destruir em nós as paixões. “Conduzi-vos pelo Espírito Santo e não satisfareis o desejo da carne” (Gál. 5,16). “Se viverdes segundo a carne, morrereis, mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis” (Rom. 8,12). A açcão poderosa do Espírito Santo, aliada à nossa vontade, vem em auxílio da nossa fraqueza e nos dá a graça de superar os vícios.

Como remédio contra a gula a Igreja propõe também o jejum; não como um valor em si mesmo, mas como um instrumento para dominar a paixão. Mas Santa Catarina de Sena ensina que “a mortificação deve ser feita de acordo com a necessidade e na exacta medida das forças pessoais.” Visto que não se pode impor a todos a mesma mortificação como uma norma rígida, já que nem todos são iguais.

Não é possível querer levar uma vida pura sem sacrifício. O corpo foi-nos dado para servir e não para gozar; o prazer egoísta passa e deixa gosto de morte; o sacrifício gera a vida. Não foi à toa que Cristo jejuou quarenta dias, no deserto da Judeia, antes de enfrentar as ciladas terríveis do Tentador, que queria afastá-Lo do caminho traçado por Deus para Ele seguir a fim de salvar a humanidade.



Fonte: Canção Nova




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