quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Os Demónios (Mc 1, 21-28)








Dizem os evangelhos
que os demónios Te rejeitavam violentamente
e não queriam nem ver-Te aparecer.

«Que tens Tu a ver connosco, Jesus de Nazaré?».

Era a expressão da tua frontal oposição ao mal.
Mas depois de Ti ensinam-nos a ver os maus espíritos de cima,
sem descer a esta terra de barro,
que é onde se amassam as obras diabólicas do mal.

Será que não vemos o verdadeiro demónio
nos sistemas e poderes da injustiça organizada?
E como não o vemos, não nos dói
nem nos indigna nem nos mobiliza.

E ficamos sentados,
aguardando falsamente o milagre,
entre o rom-rom das rezas
e a sonolência da espera.

Ah, Jesus, que mal entendemos o teu evangelho!
Escapamo-nos para as nuvens,
quando havia que descer conTigo à arena.
Fugimos da realidade para os demónios etéreos,
quando havia que baixar conTigo à terra.

Deturpamos a tua imagem e o teu ensinamento,
e fazemos o ridículo com tontos exorcismos
que provocam a meia-volta
dos que queriam lutar contra os verdadeiros demónios.

Abre-nos os olhos, Senhor,
abre-me os olhos,
e ensina-me a lutar contra o demónio real:
o pecado, a injustiça, a ruína dos pobres e a destruição da tua obra.



Patxi Loidi


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