Vivendo a Quaresma,
Ajudemos dois jovens dependentes
O Santo Padre Bento XVI convida-nos a ligar “o Baptismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva”. Gostaria que a sua Mensagem fosse distribuída nas comunidades e servisse de pano de fundo, pretexto e estímulo para as catequeses quaresmais aos fiéis da nossa Diocese. Catequeses positivas e doutrinais. São muitos os baptizados que não praticam. É grande a falta de catequese sobre este Sacramento em muitos daqueles que frequentam a Igreja. Abundam os problemas pastorais por falta de esclarecimento e formação. Por isso, não faltam temas a abordar e reflexão a fazer.
A Igreja celebra e administra o Baptismo desde o dia do Pentecostes. “Irmãos, que devemos fazer?”, perguntaram os ouvintes de Pedro, galvanizados pela eloquência do seu discurso em que denunciava, de forma vigorosa e convincente, a injustiça da crucifixão de Jesus, que Deus ressuscitara, tornando-O Senhor e Cristo. E Pedro responde: “Convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do Espírito Santo” (Act 2, 38). Pedro denuncia a tragédia da morte de Cristo e anuncia a Boa Nova da sua Ressurreição. A sua Palavra é acolhida e acreditam em Jesus Cristo. Convertem-se e professam a fé. Recebem o Baptismo e o dom do Espírito Santo. Têm acesso à Eucaristia e Cristo passa a ser o centro da sua vida pessoal. Juntos, frequentam o templo e a Fracção do Pão (Eucaristia). Louvam a Deus e partilham os seus bens. Geram simpatia, são amados pelo povo e todos os dias o Senhor acrescenta à comunidade outras pessoas que aceitam a salvação (cf. Act 46, 47).
AGRADECER E VIVER EM FIDELIDADE
A Constituição sobre a Sagrada Liturgia lembra-nos que “Pelo baptismo são os homens inseridos no mistério pascal de Cristo: mortos com Ele, sepultados com Ele, com Ele ressuscitados; recebem o espírito de adopção filial que “nos faz clamar: Abba, Pai” (Rom 8, 15), transformando-se assim nos verdadeiros adoradores que o Pai procura”(SC 6). Por mais longa que seja a nossa vida, é sempre muito curta para agradecermos a Graça do Baptismo, percebermos os seus efeitos e aceitarmos as suas consequências.
A Quaresma convida-nos, pois, a avivar a riqueza do nosso Baptismo e a sermos fiéis à Graça de Deus. Como refere Bento XVI, o nosso imergir “na morte e ressurreição de Cristo através do sacramento do Baptismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a “terra”, que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo”.
PALAVRA E ORAÇÃO, JEJUM E PARTILHA
O Santo Padre recorda-nos, também ele, a necessidade das práticas antigas, sempre actuais, que constituem o material a que temos de deitar mão no itinerário quaresmal. Assim, tal caminhada não pode dispensar a escuta e o acolhimento da PALAVRA DE DEUS que “alimenta o caminho da fé que iniciámos no dia do Baptismo”; o JEJUM que “tornando mais pobre a nossa mesa” nos ensina “a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor”; a PARTILHA que “é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia”; a ORAÇÃO, “para entrar naquela comunhão íntima com Deus que ninguém nos poderá tirar e que nos abre à esperança que não desilude”. A Quaresma “educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo”, leva-nos a “redescobrir o nosso Baptismo”, a fazer “uma conversão profunda da nossa vida”, a “deixar-se transformar pela acção do Espírito Santo”, a “orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus”, a “libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo”, a “reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo”. Deixando-nos perdoar, aprendemos também “a perdoar aos outros; reconhecendo a minha miséria, também me torno mais tolerante e compreensivo com as fraquezas do próximo”.
SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO
Apelando aos Sacerdotes para que dêem o melhor do seu tempo ao atendimento das pessoas no Sacramento da Confissão, recordo, para todos nós, o que dizia o Cardeal Arcebispo de Colónia numa conferência sobre conversão e missão: “Ter negligenciado o Sacramento da Penitência é a raiz de muitos males na vida da Igreja e na vida do sacerdote. E a chamada crise do Sacramento da Penitência não se deve apenas ao facto de as pessoas terem deixado de se confessar, mas também ao facto de nós, sacerdotes, já não estarmos presentes no confessionário. Um confessionário em que um sacerdote está presente, numa igreja vazia, é o símbolo mais tocante da paciência de Deus que espera. É assim que é Deus. Ele nos espera a vida inteira”.
Os próprios confessionários, que muitas igrejas, em nome da estética, esconderam ou deitaram fora, deixaram eles mesmos de ser um sinal catequético, pedagógico e interpelativo. Gostaria que, mesmo assim, alguns a darem nas vistas porque inestéticos, regressassem aos seus lugares como, aliás, a Igreja nos manda, para serem utilizados dentro da liberdade de escolha dos filhos de Deus (cân. 964). São sinais. A conversão também passará por aí.
VAMOS AJUDAR DOIS JOVENS
Para além da presença da Cáritas Diocesana junto de famílias do Concelho da Sertã que foram atingidas pelo vendaval passado, este ano destinaremos também a nossa partilha diocesana (Renúncia Quaresmal) – através da Cáritas Diocesana - para criar condições habitacionais para dois jovens que, por acidentes, ficaram totalmente dependentes. Visitei-os em suas casas na Visita Pastoral. Se a sua situação física não é boa, é grande a sua força de viver. Pior se torna a sua qualidade de vida pelas condições do espaço em que vivem. Um é do concelho de Proença-a-Nova. Outro, do concelho de Portalegre. A ajuda a prestar é vária, desde a oferta do possível estudo e projecto, aos materiais e mão-de-obra. Vamos ajudar com a nossa partilha, sentindo-nos irmãos e solidários em Cristo Jesus que “passou pelo mundo fazendo o bem”.
+Antonino Dias
Bispo de Portalegre-Castelo Branco
04/03/2011
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