segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A crise desafia a esperança


Cada vez mais todos falamos de “Crise”.

Preocupados com esta situação não podemos fechar os olhos e ficar a chorar. É certo que estas medidas que penalizam os salários dos trabalhadores e nos sobrecarrega com impostos, não serão as mais justas. Porque os cortes não deviam começar pelas despesas com os salários, mas deviam ser cortes nos gastos do Estado, extinguindo empresas, Comissões, Assessorias, institutos públicos… que são supérfluos, que consomem salários escandalosos… em vez de aumentar impostos.

Porém, o que se está a passar é um grande desafio a abrirmos os olhos. Importa conhecer as causas da crise para as poder atacar. Doutra forma estamos sempre a remendar e a tapar buracos.

Para além das causas técnicas da actual crise económica, tecnológica e social, há causas mais profundas, factores do actual mal-estar, que são espirituais e morais. Como diz o Papa Bento XVI: é uma crise de sentido do homem, da existência humana e do desenvolvimento humano (Cv. 34). Ou seja é uma crise espiritual, com origem na negação de Deus pelo homem.

Daí os problemas: as crises que se multiplicaram nas áreas dos negócios, da economia, do mercado, da tecnologia, do ambiente, da globalização e no próprio homem. O homem sente que é auto-suficiente e, não só substitui Deus, como O põe completamente de lado. Pensa que não deve nada a ninguém, a não ser a si mesmo; e acredita que só ele tem direitos.

É que, se por um lado, temos sede de justiça e dignidade, de fraterna igualdade, por outro deixamo-nos contaminar pelas ideias e modos de comportamento dos ricos, do consumismo, largamente difundidos pelos meios da comunicação social, nomeadamente a televisão.

Mas isto pode mudar. A esperança é possível.

Como ter esperança num tempo assim tão difícil? Que fazer para alterar este estado de coisas?

A esperança em dias melhores não pode cair das nuvens, nem é resultado de palavras bonitas. É preciso agir em solidariedade. E não se trata apenas de resolver os problemas de imediato, mas de forjar o Homem Novo de que Jesus Cristo Ressuscitado é o modelo. Torna-se, pois, cada vez mais necessário:
  • Ser voz reflexiva e activa na divulgação dos valores, à luz do Evangelho;
  • Promover uma cidadania responsável;
  • Educar para a valorização do trabalho como forma de combater a pobreza e como factor de realização e dignificação do Homem;
  • Trazer ao debate as questões relacionadas com a agricultura e a pesca;
  • Encontrar/formar uma bolsa de recursos humanos que nos permita fazer chegar a muitos outros este ideal de organização de uma sociedade com maior sentido de justiça, moral, cidadania e solidariedade, onde a distribuição da riqueza e a divisão do trabalho possam ser uma realidade concreta.
Temos de mudar de estilo de vida, desenvolver o sentido comunitário e uma nova mentalidade de gestão.


Fonte:
P. Batalha
(Farol de Luz)


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