quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mensagem do nosso Pároco, Padre Carlos Almeida, para a Semana Santa 2011




SOFRIMENTO E FECUNDIDADE


Nestes dias vamos celebrar a paixão de Jesus Cristo.
Paixão!
Podemos mesmo dizer, uma palavra carregada de sentido. De força. De evocações. Com frequência afirmamos a jeito de desabafo que há vidas apaixonantes, relações apaixonadas, crimes por paixão… Nestes três dias e, do ponto de vista da fé… falamos da paixão de Jesus. Paixão que é amor e que é padecimento de quem ama e por ele enfrenta qualquer poder injusto. Somos por isso convidados a meditar a paixão, em quadros e passos, em cenas evangélicas carregadas de dramatismo, a inclinarmo-nos diante de um mistério que nos transborda.


1. O Sofrimento do Justo

“Menosprezado e desconsiderado. Ele tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores.” (Is 53, 3-4)
Já ouvimos estas palavras de muitos modos e formas. Porque foi assim? Deus queria sangue? Não! O sangue, o queriam os verdugos, os que não queriam o evangelho anunciado por Jesus.
O sofrimento do justo não nos é indiferente. É o sangue dos inocentes abusados, explorados. É a dor de quem se abala diante do mal dos outros. É o cansaço de quem se esforça para tentar construir algo bom e diferente do corriqueiro. É o despojamento de quem vai dando a vida, pouco a pouco por amor. É a dúvida penetrante de quem dá o salto da fé, quando silenciam as certezas. É a sensação de fracasso que nos acompanha, quando os resultados não acompanham…


2. A Fecundidade Oculta

“Os primeiros acontecimentos já se cumpriram. Agora anuncio algo de novo, e comunico a vós antes que aconteça” (Is 42,9)
Num mundo de êxito visível. De titulares de rankings. De fotos vistosas. Num mundo de triunfadores e vedetismo. Num mundo de méritos e medalhas, de galardões e vitrinas, de diplomas e reconhecimentos… Que sentido pode ter o fracasso, a derrota, o despojamento? Que sentido pode ter o não saber, não chegar, não conseguir cruzar a meta sonhada? A lógica a que Deus nos desafia é surpreendente. Fala-nos através de uma palavra que parece última mas não definitiva. Mostra-nos que o amor que fala mais alto é o que se dá, até ao extremo. Que a verdade que liberta é a que se proclama na defesa dos bem-aventurados, sem deixar que vença o medo ou a prudência. Que a fé que se canta é a que é capaz de suportar a incerteza.
Misteriosa forma de dar a vida que a que Deus nos chama...


Padre Carlos Almeida

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