23 de Agosto de 2009
A liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum fala-nos de opções. Recorda-nos que a nossa existência pode ser gasta a perseguir valores efémeros e estéreis, ou a apostar nesses valores eternos que nos conduzem à vida definitiva, à realização plena. Cada homem e cada mulher têm, dia a dia, de fazer a sua escolha.
Na primeira leitura, Josué convida as tribos de Israel reunidas em Siquém a escolherem entre “servir o Senhor” e servir outros deuses. O Povo escolhe claramente “servir o Senhor”, pois viu, na história recente da libertação do Egipto e da caminhada pelo deserto, como só Jahwéh pode proporcionar ao seu Povo a vida, a liberdade, o bem estar e a paz.
O Evangelho coloca diante dos nossos olhos dois grupos de discípulos, com opções diversas diante da proposta de Jesus. Um dos grupos, prisioneiro da lógica do mundo, tem como prioridade os bens materiais, o poder, a ambição e a glória; por isso, recusa a proposta de Jesus. Outro grupo, aberto à acção de Deus e do Espírito, está disponível para seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida; os membros deste grupo sabem que só Jesus tem palavras de vida eterna. É este último grupo que é proposto como modelo aos crentes de todos os tempos.
Na segunda leitura, Paulo diz aos cristãos de Éfeso que a opção por Cristo tem consequências também ao nível da relação familiar. Para o seguidor de Jesus, o espaço da relação familiar tem de ser o lugar onde se manifestam os valores de Jesus, os valores do Reino. Com a sua partilha de amor, com a sua união, com a sua comunhão de vida, o casal cristão é chamado a ser sinal e reflexo da união de Cristo com a sua Igreja.
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Ser cristão é optar por Cristo e pela sua doutrina. Não podemos ser cristãos em part-time, mas em full-time; não podemos ser e não ser; temos de ser coerentes e constantes.
Contudo, sabemos que nem sempre é fácil seguir Jesus; o seu projecto é muito exigente; a Sua Palavra incomoda, é dura, é como uma espada de dois gumes, fere e cura: “estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?” (ver Evangelho).
Todavia, a Sua Palavra é performativa, é verdadeira, é actual, é interpeladora. É pela sua exigência que muitos homens e mulheres se tornam indiferentes ao plano de Deus e optam por outras palavras que diariamente nos afogam, nos abafam, mesmo que, muitas vezes, nos seduzam, embora não deixem de ser palavras ocas, palavras vazias, palavras ilusórias, palavras fugazes. Só a Palavra de Deus é realmente Espírito e vida, vida em abundância, vida plena. Só realmente Jesus tem palavras de vida eterna.
O respeito, a igualdade, o carinho, o amor mútuo são marcas identificadoras daquele que opta por Cristo. Isto traz implicações, quer mesmo a nível familiar, isso o expressa S. Paulo na 2ª Leitura: “sede submissos uns aos outros no temor de Cristo”.
Diante de tal cenário podemos desanimar, pensando que Jesus até foi homem corajoso, interessante, mas que o seu projecto implica de nós sacrifício, renúncia, não absolutizar os nossos interesses e que, por isso, é melhor viver a vida, gozar a vida, “curtir” a vida, ou seja, viver apenas o imediato, o presente, sem jamais analisar o passado e perspectivar o futuro. Este é um vírus que nos pode contaminar facilmente, na sociedade hedonista e indiferente em que vivemos.
Pensar, reflectir e analisar as nossas opções é o grande desafio que o Senhor nos faz neste Domingo.
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