A Igreja celebra esta Solenidade no primeiro dia do mês de Novembro.
Somos convidados a olhar para a vida daqueles que nos precederam, contemplando e imitando aquilo que eles foram e fizeram. Muitos dos seus rostos não os conhecemos, mas, através da história, conhecemos as suas vidas, e isso interpela-nos: "também tu podes ser santo". Ser santo é, afinal, a vocação de cada baptizado.
Mas como é que podemos tornar-nos santos, amigos de Deus? Para ser santo não é necessário realizar acções nem obras extraordinárias, nem possuir carismas excepcionais. Ser santo é essencialmente ouvir Jesus e depois segui-l’O sem desanimar diante das dificuldades e contrariedades da vida.
Hoje, mais do que nunca, precisamos de homens e de mulheres com os olhos voltados para a frente e para cima, vendo não só a grandeza de Deus mas também a grandeza da Humanidade, que também é obra Sua. Nesta linha de pensamento, os santos aparecem-nos como luzeiros, como estrelas que cintilam numa noite escura, como rostos de esperança para este mundo que, apesar de ser belo, tantas vezes se apresenta doente, deprimido, como beco sem saída.Olhando e contemplando estes rostos conhecidos ou, porventura, desconhecidos, somos desafiados a criar uma humanidade mais humana, procurando sempre voar mais alto, sem nunca nos deixarmos colar "à terra", pois apesar de estarmos no mundo não somos do mundo, vivemos em peregrinação rumo à Terra Prometida, à nossa morada definitiva. Quem vive com este prisma da fé, certamente que viverá de outra maneira, com outra alegria e com outra esperança.
Somos Filhos de Deus, seres finitos e limitados, mas com a consciência de que ainda não se manifestou o que havemos de ser, pois, quando se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque o veremos tal como Ele realmente é.
Caminhemos, pois, com esta certeza de que também nós, hoje, em pleno século XXI (onde a justiça, a humildade, o amor desinteressado e a inter-ajuda parecem ter dado lugar à injustiça, ao ódio, à discriminação, à inveja, ao hedonismo…) podemos ser santos.
"Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de Quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do povo de Deus".
São palavras do Vaticano II, o Concílio que, pela primeira vez na história da Igreja, veio dizer-nos que todos somos chamados à santidade. Mas, neste dia em que fazemos memória de todos os santos, não esqueçamos também que as nossas devoções fazem sentido unicamente na medida em que nos encaminham para Cristo. A Igreja não adora os santos: venera-os e pede a sua intercessão junto de Deus.
Veja este vídeo, relacionado com o Evangelho desta Eucaristia
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