quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Para saber mais sobre o ADVENTO...

As figuras do Advento




Isaías: A figura da Espera

As leituras do Advento colocam-nos em contacto frequente com Isaías.
É o profeta por excelência do tempo da espera.
Tudo deve ceder perante este visionário, emocionado pelo esplendor futuro do Reino de Deus inaugurado com a vinda de um Príncipe de Paz e Justiça.

O profeta é conhecido apenas pelas suas obras, mas estas são tão características que através delas podemos conhecer a sua pessoa.

Isaías viveu no século VIII a.C, numa época de esplendor e prosperidade. Raramente os reinos de Judá e Samaria haviam conhecido tal optimismo. No meio deste frágil paraíso, Isaías vai erguer-se valorosamente e realizar a sua missao: mostrar ao seu povo a ruína que o espera, devido à sua negligência.

Era originário de Jerusalém e pertencia a uma família de elevada posição social. Pensa-se que recebeu uma educação esmerada nas escolas de escribas e de “sábios” onde se formavam os funcionários da corte real; cultivou a sua sensibilidade poética e a sua tendência criativa. Conseguiu exprimir-se num estilo inovador, repleto de imagens e de imponência religiosa.
Alimentado pela literatura dos seus predecessores, principalmente Amós e Oseias, Isaías prevê como eles, inspirado por seu Deus, o que será a história de seu país.

Isaías foi chamado pelo Senhor "no ano da morte do rei Ozias", por volta do ano 740, quando estava no templo, com os lábios purificados por uma brasa trazida por um Serafim (Is 6, 113). A partir deste momento, Isaías já não se pertence. Não porque seja um simples instrumento passivo nas mãos de Yahvé; pelo contrário, todo o seu dinamismo vai ser colocado ao serviço do seu Deus, convertendo-se em seu mensageiro.

Será um mensageiro terrível que anuncia o despojamento de Israel, a quem só restará um pequeno sopro de vida. Superando a situação presente na qual se misturam cobardias e compromissos, vê o castigo futuro que direccionará os caminhos tortuosos. O reino de Judá vai passar pela devastação e a ruína. O início da obra de Isaías, que originará a lenda do boi e do asno no presépio, marcam seu pensamento e seu papel. Yahvé é todo para Israel, mas Israel é mais estúpido que o boi que conhece o seu dono, ignora o seu Deus (Is 1, 2-3).

Isaías não se isolará no papel de pregador moralizante. Torna-se o grande anunciador da Parusia, da vinda de Yahvé. Assim com Amós se tinha levantado contra a sede de dominação que avivava a brilhante situação de Judá e Samaria no século VIII, Isaías prediz os cataclismos que se desencadearão no dia de Yahvé (Is 2, 1-17). Esse dia será para Israel o dia do juízo.
Para Isaías, como mais tarde para São Paulo e São João, a vinda do Senhor traz consigo o triunfo da justiça. Os capítulos 7 a 11 vão nos descrever o Príncipe que governará na paz e na justiça (ls 7, 10-17).

Numa linguagem poética, anuncia o Messias e canta o júbilo que faria estremecer as entranhas do seu povo.
O nascimento do Emanuel, "Deus conosco", reconfortará um reino dividido pelo cisma de dez tribos. O anúncio deste nascimento promete, pois, aos contemporâneos de Isaías e aos ouvintes do seu oráculo, a sobrevivência do reino, apesar do cisma e da devastação. Príncipe e profeta, esse menino salvará por si mesmo seu país.

Mas, por outro lado, a apresentação literária do oráculo e o modo como Isaías insiste no caráter libertador deste menino, cujo nascimento e juventude são dramáticos, fazem pressentir que o profeta vê neste menino a salvação do mundo.

Segundo Isaías, a única atitude fundamental é a fé, a renúncia a qualquer segurança baseada na política ou nas armas. Só a fé no Senhor pode salvar. Nada do que acontece no mundo escapa à soberania de Deus, que dirige os destinos dos homens de acordo com um “plano” oculto, muitas vezes desconcertante, mas sempre mais sábio que o dos homens.
Mesmo nos momentos de maior perigo, Isaías promete a libertação a quem puser toda a sua confiança no Senhor. É o maior dos profetas messiânicos. O Messias que anuncia é um descendente de David que fará reinar a justiça e a paz sobre a terra.


João Baptista: A figura da Preparação

Segundo o próprio Cristo, “entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista; e, no entanto, o mais pequeno no reino do céu é maior do que ele “ (Mt 11,11).

João Baptista coincide com Isaías no pensamento e na mensagem. Isaías está presente em João Baptista como João Baptista está presente Naquele para quem veio preparar o caminho.

João Baptista é o precursor por excelência e o último profeta a anunciar a vinda eminente do Messias tão esperado, embora de forma tão inesperada.


São Lucas conta-nos com detalhe o anúncio do nascimento de João (Lc 1, 5-25). O anúncio do nascimento de João é solene. Realiza-se no âmbito litúrgico do templo. A sua chegada não passará despercebida e muitos se alegrarão com seu nascimento (Lc 1, 14); abster-se-á de vinho e bebidas embriagantes, será um menino consagrado e, como prescreve o livro dos Números (6, 1), não beberá vinho nem licor fermentado. O Espírito habita nele desde o seio de sua mãe. A sua vocação de asceta une-se à de guia do seu povo (Lc 1, 17).

João Baptista é sinal da irrupção de Deus no seu povo. O Senhor visita-o e realiza a aliança que havia prometido.
O papel de João Baptista como Precursor é muito preciso: preparar os caminhos do Senhor (Is 40,3); deverá anunciar um baptismo no Espírito para a remissão dos pecados, um baptismo que será luz “para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte “ (Lc 1,79), como dirá Zacarias, no Cântico que entoou quando pôde falar. Conhece a sua missão e designa-se a si mesmo como “a voz que clama no deserto”. Depois, já a viver no meio dos homens, compete-lhe indicar aquele que é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29), anunciando-lhes que estava entre eles e não O conheciam.
João Baptista dá-nos uma lição de silêncio e de recolhimento para poder dar testemunho; para poder denunciar o pecado com corajosa e franca honestidade; também para poder anunciar a morte e ressurreição do Senhor, porque “mais pequeno no reino do céu é maior do que ele” (Mt 11,11).

O sentido do seu papel fizeram do Baptista uma figura sempre actual através dos séculos. Não se pode falar dele sem falar de Cristo, mas a Igreja não lembra nunca a vinda de Cristo sem lembrar do Precursor. O Precursor não está unido apenas à vinda de Cristo, mas também à sua obra, que anuncia: a redenção do mundo e sua reconstrução até a Parusia. João está sempre presente durante a liturgia de Advento. Na realidade, o seu exemplo deve permanecer constantemente diante dos olhos da Igreja. A Igreja, e cada um de nós nela, tem com missão preparar os caminhos do Senhor, anunciar a Boa Notícia. Mas recebê-la exige a conversão. Entrar em contacto com Cristo supõe o desprendimento de si mesmo. Sem esta ascese, Cristo pode estar no meio de nós sem ser reconhecido (Jo l, 26).

Como João, a Igreja e seus fiéis têm o dever que não cobrir a luz, mas de dar testemunho dela (Jo 1, 7). Lucas resume em uma frase toda a atividad de João: "Anunciava ao povo a Boa Notícia" (Lc 3, 18).


Maria: A figura da Esperança

Também Maria, a criatura mais íntima do mistério central da nossa fé, a Santíssima Trindade, é indissociável, pela sua maternidade virginal de Deus Filho, do Advento. Ela, mais do que ninguém, soube o significado, pela sua total colaboração no plano salvífico de Deus, pela entrega a seu Filho, da vinda do Messias.

Maria está presente em todo o Advento. Neste tempo, contemplamos Maria como a mulher que disse sim à vontade de Deus. Um sim que lhe irrompeu do coração como um acto de fé e de entrega à palavra de Deus e como um compromisso de fidelidade até às última consequências. No Advento e a exemplo de Maria, nós, cristãos, renovamos o sim dado a Deus para, pela fé, acolhermos Jesus que nos vem salvar. É um tempo de dizer sim à palavra de Deus e de a pôr em prática, para pertencermos à família de Jesus.
“Aqueles que vivem com a Liturgia o espírito do Advento, ao considerar o inefável amor com que a Virgem Mãe esperou o Filho, sentir-se-ão incentivados a tomá-la como modelo e a preparar-se, vigilantes na oração e ... jubilosos no louvor, para ir ao encontro do Salvador que vem”.

A primeira vinda do Senhor realizou-se graças a ela. E, por isso, todas as gerações a chamamos Bem-aventurada. Hoje, que preparamos, a cada ano, uma nova vinda, os olhos da Igreja voltam-se para ela, para aprender, com estremecimento e humildade agradecida, como se espera e como se prepara a vinda do Emanuel: do Deus connosco. Mais ainda, para aprender também como se dá ao mundo o Salvador.

Sobre o papel da Virgem Maria na vinda do Senhor, a liturgia do Advento oferece-nos duas sínteses, nos prefácios II e IV.

A partir da segunda parte do Advento, a preponderância da Mãe Imaculada é tão grande, que ela aparece como o centro do Mistério preparado e iniciado. Assim as leituras evangélicas do IV Domingo, nos três ciclos, estão dedicadas a Maria. E nas missas próprias dos dias 17 a 24, correspondentes às antífonas do O, tudo gira ao redor dela. E com razão.


José: A figura da Confiança

José foi o homem justo escolhido por Deus para ser o esposo de Maria e pai adoptivo de Jesus. A Escritura fala muito pouco dele. A presença de José no Advento convida-nos a reconhecer que Deus actua em nós e na história para além dos aspectos legais e das complicações humanas. Quando assomarem os conflitos e as dúvidas na nossa consciência, devemos refugiar-nos no Senhor e confiar na sua bondade. A santidade e a maturidade na fé não solucionam, de uma forma mágica, as angústias e vacilações do coração. Exigem que efectuemos um discernimento na oração e na escuta da Palavra. E virá o Anjo do Senhor.


Anjo Gabriel: A figura do Mensageiro

No Advento, são-nos narradas duas intervenções do Anjo Gabriel: uma em Jerusalém, no templo, quando anuncia a Zacarias o nascimento de João Baptista; outra em Nazaré, quando faz a Maria a proposta de ser a mãe do Messias.


Fonte: Diocese de Leiria - Fátima


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